MENSAGEM DA MÉDICA MARIA ROSA MAGALHÃES DIOGO SOBRE O COVID 19 Boa tarde, Rodrigo. Meu nome é Maria Rosa, sou médica, andradense. Não atuo aí, moro em São Paulo, mas minha família inteira mora aí. Estou acompanhando algumas notícias da cidade e estou ficando um pouco preocupada. Vi o vídeo do seu pronunciamento, e apesar do seu posicionamento quanto a manter o isolamento social, estou vendo pessoas organizando carreatas para a reabertura do comércio e volta das atividades. Bom, enquanto médica não posso opinar sobre a legitimidade da manifestação, mas dentro da minha profissão fiz o juramento de zelar pela vida, e estaria sendo omissa vendo o que está para acontecer sem falar nada. Atuo em duas esferas da saúde, em uma UBS, visando a atenção primária, e também presto serviço ao Hospital Geral do Grajaú, na semi intensiva. Estou tendo contato com dois cenários diferentes da pandemia, pacientes apresentando poucos ou nenhum sintoma, mas também aqueles internados em estado crítico. Vejo que em Andradas não temos casos confirmados, o que é louvável. Porém, o que temos que fazer é trabalhar para que não haja, e pra isso o importante é a prevenção. São emitidas diariamente orientações de órgãos competentes em relação a prevenção e manejo da doença, e todas vão contra ao que está prestes a ser pregado na nossa cidade. Temos um corpo de profissionais da área da saúde muito comprometido e de qualidade em Andradas, não podemos cogitar sobrecarregar o sistema. Converso com algumas pessoas de países que estão entrando em colapso na saúde, e todas as falas são iguais, que no início tomaram a mesma atitude que muitas pessoas estão tendo, de visar a economia como entidade máxima, subestimando e ignorando a morbimortalidade do Covid19. Enfim, o que eu quero dizer é que o cenário para quem está “dentro da ilha” é um pouco diferente do que para aqueles que só têm acesso por meio dos veículos de informação. Nós que estamos dentro de hospitais estamos vendo perfis de pacientes diferentes e manifestações diferentes da doença. Estatisticamente a doença tende a ser mais agressiva em idosos e pacientes com comorbidades prévias sim, mas isso são estatísticas, na prática já lidei com paciente jovem, sem comorbidades, que está dentro de uma UTI aguardando a evolução do quadro. Deixo aqui meu desabafo e meu apelo para que possamos contar com os líderes como nossos aliados. Não deixo de me preocupar com a economia, mas neste momento a vida vale mais. Um abraço! Me deixo a disposição para qualquer coisa. Maria Rosa Magalhães Diogo Médica