Tiradentes: o homem e o mito

Obras - Sábado, 21 de Abril de 2018


Tiradentes: o homem e o mito         No dia 21 de abril, comemoramos o feriado nacional de Tiradentes. Mas você sabe quem foi essa figura da história do Brasil e o seu contexto dentro da Inconfidência Mineira de 1789?       Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, nasceu  na Fazenda do Pombal, fazenda essa pertencente a extenso território da Vila de  São João Del Rey, no ano de 1746. Ocupou diversas profissões, e ganhou o apelido de “Tiradentes” por fazer pequenas cirurgias orais em seus pacientes. Chegou até a patente de Alferes, o que lhe concedeu  algum prestígio social frente à hierarquizada sociedade mineira do ouro, pois era responsável pelo patrulhamento da Estrada Real, estrada essa que era a ligação entre as Minas do Ouro e a cidade do Rio de Janeiro. Joaquim José da Silva Xavier atuou bastante nessa estrada, e, principalmente, no trecho dela no que perpassava pelo  Sul de Minas.      As minas de ouro da região central encontrava-se em franca decadência a partir dos anos de 1770. O ouro extraído minguava-se ano após ano e  o Governo Metropolitano Português resolve assim, de forma abrupta, instituir o imposto chamado de “Derrama”, pois as arrecadações de 1/5 do ouro não eram satisfatórias nos anos precedentes ao movimento, ficando para os habitantes livres  das Minas, proprietários de lavras, comércios, traficantes de escravos, e fazendeiros, o pagamento de 1.500 kg de ouro à Coroa portuguesa. Esse Derrama irritou profundamente os integrantes da Elite local e propiciou o movimento que ficara conhecido na História do País como Inconfidência Mineira.      A Inconfidência Mineira teve forte influência do iluminismo europeu e da Revolução Norte-Americana. Isso se deu principalmente porque a maioria dos estudantes brasileiros que estudaram  em Coimbra, sendo  que alguns participantes do movimento como Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa, passaram por essa Universidade e apropriaram as ideias liberais e iluministas de Adam Smith, Montesquieu,  Rousseau, etc.        Os Inconfidentes planejavam uma República das Minas Gerais (a independência politica e econômica seria só do território das Minas, e não de toda a colônia Brasileira), liberdade de imprensa e de uma indústria gráfica, criação de Universidades na região, liberdade civil e religiosa, além da separação entre Igreja e Estado. Mas os inconfidentes não planejavam uma liberdade para os escravos, visto que muitos deles eram proprietários de vastas escravarias. A liberdade não foi planejada de modo geral.        O movimento foi delatado por Joaquim Silvério dos Reis, sendo que  todos os integrantes foram presos antes da sublevação do movimento. Os processos dos inconfidentes duraram 03 anos, e, no final, somente Tiradentes fora condenado à forca. Todos os outros tiveram perdão real e tiveram suas penas diminuídas ou foram condenados ao degredo, como no caso do Poeta e prestigiado funcionário real Cláudio Manoel da Costa. Tiradentes foi o único executado, pois era o participante de posição mais baixa da sociedade e que menos tinha posses. Fora enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792. Seu corpo foi retalhado e espalhado em pontos estratégicos da Estrada Real. Sua habitação foi salgada, para que mais nenhuma vegetação nascesse no local.     Durante todo o Período Imperial (1822-1889), a figura  Tiradentes foi esquecida. Porém, com a emergência da República (1889), e tendo o Brasil poucos “heróis” que lutaram pela pátria, os republicanos criaram uma figura de Tiradentes heroico, que ansiava por uma República e uma sociedade livre de Portugal já no sec. XIX. A Iconografia Republicana criou um Tiradentes com barbas e cabelos compridos, com o objetivo de o fazer parecido com a figura de Jesus Cristo. Tiradentes virou nome de cidade (região de onde nasceu), Palácio onde funcionou o Congresso Nacional e hoje funciona a  Assembleia  Rio de Janeiro, além é claro, de inúmeros logradouros no Brasil (a praça onde foi enforcado virou Praça Tiradentes, na cidade do Rio de Janeiro).  Em 1965, durante a primeira fase do regime militar no Brasil, o Marechal Castelo Branco, durante seu governo na Ditadura Civil-militar (1964-1985), com o intuito de  reforçar essa imagem mítica de Tiradentes, sancionou a Lei Nº 4. 897, de 9 de dezembro, que instituía o dia 21 de abril como feriado nacional e Tiradentes como, oficialmente, Patrono da Nação Brasileira. Tiradentes também é patrono da Policia Militar de Minas Gerais e dos demais Estados. Tiradentes Esquartejado, obra de Pedro Américo (1893; Museu Mariano Procópio)     Bibliografia.   CHIAVENATO, Júlio José. As várias faces da Inconfidência Mineira. São Paulo: Contexto, 1989. 88p   MAXWELL, Kenneth. A devassa da devassa: a Inconfidência Mineira: Brasil-Portugal - 1750-1808. São Paulo: Paz e Terra, 1985. 318p     Tiradentes: o homem e o mito Por: Ricardo Souza Licenciatura em História pela UFRRJ Pós-graduando em Mídias na Educação pela UFSJ  

Prefeitura


Andradas